A aventura que levou Senna a correr na Fórmula Indy e dar susto em Fittipaldi: 'Nunca faria o que ele fez'
Às vésperas do GP Brasil neste domingo (3), Emerson Fittipaldi, primeiro brasileiro a chegar ao topo da F1, revelou os bastidores de quando uma simples aventura poderia ter levado o eterno amigo à Fórmula Indy.
Durante o lançamento da fan zone da McLaren, em São Paulo, em parceria com a OKX Race Club, e que homenageia os 30 anos de legado de Senna, Fittipaldi contou detalhes da rara experiência no circuito de Firebird, nos Estados Unidos, em dezembro de 1992.
Na ocasião, o tricampeão do mundo havia desabafado sobre a preocupação de ter um carro competitivo em mãos na temporada seguinte. Com a renovação com a McLaren emperrada e outros concorrentes em ascensão, surgiu o convite do amigo brasileiro.
"Quando o convidei para guiar na Indy, ele topou e foi para Phoenix. Testei o carro em uma pista muito pequena, e não tinham deixado ele correr no oval, porque todo mundo que chega da Fórmula 1 acha que é muito fácil e tem o risco de se machucar. O Ayrton andou, adorou o carro e ficou assistindo ao meu teste", conta Fittipaldi, antes de lembrar o susto que tomou em seguida.
"Eu fiz um teste muito rápido, de 1.600 metros, e na saída da curva - a gente passa a centímetros do muro de concreto - eu vi uma cabecinha, um vulto. Eu passava com a roda traseira a um metro dessa cabeça, a uns 280km/h. Na hora, falei: quem é esse maluco? Quando eu fui para o box, o Ayrton acenou e vi que era ele", completou.
Questionado por Fittipaldi sobre o que fazia ali, tão próximo da pista, Ayrton respondeu que "queria sentir a vibração do ar do carro perto do muro".
"Eu falei para ele que nunca faria o que ele fez. É a confiança em mim, mas se eu tivesse no lugar dele, não ficaria ali", brincou Fittipaldi, que foi campeão da Fórmula 1 em 1972 e 1974, o primeiro da McLaren na categoria.
Senna jamais escondeu a admiração pelo bicampeão brasileiro e que, em suas próprias palavras, foi o "responsável pelo sonho de ser piloto".
No livro 'Ayrton Senna - O Herói Revelado', o escritor e jornalista Ernesto Rodrigues conta que, para o teste na Penske-Chevy 92, de Fittipaldi, os mecânicos da equipe ainda precisaram improvisar almofadas para evitar que Senna se debatesse dentro do cockpit, por ser muito maior.
Apesar de se dar bem no teste, Senna jamais cogitou se transferir para outras categorias do automobilismo, e voltaria a correr pela McLaren na temporada seguinte, terminando como vice-campeão, atrás de Alain Prost.